A pressão por transparência na transição para uma economia de baixo carbono
A crescente demanda por mais transparência na transição para uma economia de baixo carbono tem pressionado empresas e o setor financeiro a adotarem modelos mais robustos de divulgação e análise de informações sobre o impacto ambiental das atividades econômicas, especialmente no que tange à transição climática. Contudo, conforme aponta o Climate Finance Hub Brasil, o disclosure climático por si só não é suficiente para garantir a transição necessária.
A falta de análise integrada no disclosure climático
Hoje, existem diversas plataformas de relato com alta confiabilidade, especializadas em diferentes parâmetros. No entanto, elas não oferecem uma análise integrada, capaz de permitir que financiadores compreendam, de forma clara e abrangente, os riscos climáticos de uma determinada organização. A análise de transição climática vai além, pois envolve a avaliação do grau de maturidade das empresas em relação à sua transição para uma economia de baixo carbono, auxiliando nas decisões financeiras que consideram os variados níveis de riscos climáticos.
Em colaboração com diversas plataformas de relato, empresas da economia real e instituições financeiras, a equipe do Hub realiza análises climáticas ancoradas na plataforma TransitionArc, porém localizadas para a realidade brasileira. Essa iniciativa busca consolidar as melhores análises corporativas disponíveis, facilitando a vida dos tomadores de decisão, que agora têm acesso a uma fonte one-stop-shop de avaliação, sem a necessidade de navegar por múltiplas plataformas de disclosure e métricas conflitantes.
No Brasil, o Climate Finance Hub é coordenado pela Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS), em parceria com o Grupo de Finanças e Investimentos Sustentáveis (gFIS/UFRJ) e a Coopera Clima, com parceria da Climate Arc, do Instituto Itaúsa, e do Instituto Clima e Sociedade (iCS).
A Metodologia ACT para avaliação da transição climática
A metodologia de avaliação utilizada é a Assessing Low-Carbon Transition (ACT), revisada e localizada para a realidade brasileira. A ACT busca medir o quão preparadas as empresas estão para a transição climática e como suas ações atuais se alinham com o processo de descarbonização. A metodologia baseia-se em três pilares principais:
- Compromissos Climáticos: Avalia as metas de redução de emissões e os compromissos assumidos pelas empresas para se alinhar às metas climáticas globais.
- Estratégia e Governança: Examina a existência de planos detalhados de transição e o nível de envolvimento dos gestores nas decisões relacionadas ao clima.
- Desempenho e Ações: Foca nas medidas concretas que as empresas já estão implementando, como inovação tecnológica, mudanças nos processos produtivos e investimentos em soluções de baixo carbono.
A geração de dados confiáveis para a tomada de decisão e formulação de políticas públicas é fundamental para o setor financeiro. Isso possibilita uma avaliação mais precisa e transparente dos riscos e oportunidades da transição para uma economia de baixo carbono, promovendo decisões de investimento mais informadas e alinhadas com as metas globais de sustentabilidade. As empresas, por outro lado, poderão visualizar se sua trajetória de transição climática está acompanhando as tendências de seu setor, país ou região, além de compreender como estão sendo avaliadas por seus financiadores.
Capacitação de analistas no Climate Finance Hub Brasil
Além disso, o Climate Finance Hub Brasil está empenhado em construir uma comunidade de analistas capacitados para interpretar os impactos da transição climática, com base nos dados divulgados pelas empresas. Através de um programa de qualificação corporativa, analistas financeiros serão capacitados em finanças sustentáveis e princípios ESG, bem como na metodologia ATC e no uso de ferramentas como a TransitionArc, essenciais para avaliar a performance das empresas diante da transição climática.