Primeira turma do Capacity Building Program do Climate Finance Hub reúne 14 mulheres e consolida nova etapa de formação em finanças climáticas no Brasil
À medida que as instituições financeiras enfrentam uma demanda crescente por estratégias de transição climática robustas e críveis, cresce também a importância da transparência e rastreabilidade dos dados que orientam decisões de investimento e crédito.
Foi com esse propósito que o Climate Finance Hub Brasil (CFH Brasil), com apoio da Climate Arc, FBDS, Cooperaclima, UFRJ, Instituto Itaúsa e o Instituto Clima e Sociedade (iCS), desenvolveu o Capacity Building Program – Financial Sector.
A formação foi criada para impulsionar a atuação de analistas e profissionais do setor financeiro, oferecendo ferramentas e metodologias que fortalecem a capacidade de avaliar riscos e oportunidades da transição climática com base em evidências científicas.
Um programa para transformar análise em ação
O Capacity Building Program faz parte da estratégia do CFH Brasil de aprofundar o tema da transição climática no país, desenvolvendo competências técnicas em profissionais que atuam na linha de frente das decisões financeiras.
Usando a metodologia internacional ACT (Accelerate Climate Transition) e a plataforma TransitionArc, desenvolvida pela Climate Arc, o programa oferece uma estrutura de seis meses de formação combinando teoria e prática, com workshops mensais, atividades entre módulos e mentoria técnica dedicada.
Os participantes aprendem a interpretar indicadores de transição, compreender riscos climáticos e aplicar metodologias reconhecidas globalmente — como o Transition Plan Taskforce (TPT) do IFRS e os padrões de divulgação da ISSB, já adotados pela CVM no Brasil.
Com uma grade que vai de geopolítica e padrões de transparência a ferramentas de análise e experiências de mercado, a proposta é transformar análise em ação, com mentoria e tarefas práticas que conectam o conteúdo à realidade das instituições financeiras.
Foram 6 meses de formação, de maio a outubro, confira o que abordamos em cada workshop:
- Workshop 1: Introdução às mudanças climáticas e contexto geopolítico
- Workshop 2: Transparência de dados, frameworks e padrões
- Workshop 3: Transição climática no Brasil — oportunidades e desafios
- Workshop 4: Climate Transition Finance
- Workshop 5: Ferramentas para análise de transição no setor financeiro
- Workshop final: Planos de transição climática e compartilhamento de experiências práticas do setor
A motivação do programa é apoiar o setor financeiro a incorporar e interpretar a transição climática na avaliação de risco, promover dados transparentes e rastreáveis e alinhar portfólios a trajetórias setoriais críveis, acelerando a alocação de capital rumo ao net zero.
Primeira turma de formação de analistas do setor financeiro para transição climática
No dia 29 de novembro entregamos os certificados para 14 mulheres de diferentes regiões do Brasil que fizeram parte da primeira turma do programa. Agradecemos ao Itaúsa, na presença de Natália Cerri, por nos receberem tão bem em sua sede em São Paulo para o encerramento da primeira turma do programa.
A abertura ficou a cargo de Christianne Maroun e Marcelo Furtado (Head de sustentabilidade do Itaúsa), com reflexões sobre a demanda do mercado por profissionais com repertório técnico e visão sistêmica para a transição climática.
Na sequência, Luan Santos (coord. de pesquisa do CFH) apresentou avanços e aplicações práticas da metodologia.
O Coordenador de Pesquisa do Climate Finance Hub Brasil, Luan Santos, trouxe uma reflexão sobre o papel estratégico do setor financeiro na transição climática e o avanço das participantes ao longo dos seis módulos da formação. Ele destacou como os conteúdos abordados foram essenciais para desenvolver uma visão sistêmica sobre a transformação necessária nas instituições financeiras, uma vez que abordou temas essenciais como riscos físicos e de transição, passando pela transparência de dados climáticos, até a integração de finanças sustentáveis e métricas de descarbonização.
Mais do que um percurso teórico, a trilha formativa proporcionou práticas aplicadas que conectam o setor à realidade das decisões de crédito e investimento, utilizando ferramentas como a metodologia ACT e a plataforma TransitionArc, que permitem medir a maturidade da transição e alinhar operações aos padrões internacionais, como os do IFRS e do ISSB.
Luan ressaltou que, diante da COP30, o fortalecimento das capacidades técnicas de analistas e gestoras é fundamental para transformar compromissos em ações mensuráveis, ancoradas em dados e evidências científicas. “A transição climática não é apenas um tema ambiental, mas uma nova lógica de desenvolvimento econômico — e o setor financeiro é peça-chave para torná-la possível”, concluiu.
A apresentação da Rebeca Lima, diretora da GFANZ para a América Latina e o Caribe, trouxe uma visão prática sobre como instituições financeiras podem transformar compromissos climáticos em ação concreta por meio dos Planos de Transição para o Net Zero. Foram abordados os dez elementos que estruturam um plano de transição robusto, as estratégias de financiamento que impulsionam a economia real — desde soluções climáticas e investimentos alinhados até saídas progressivas de ativos emissores — e exemplos de como o setor pode financiar a descarbonização de forma justa, planejada e colaborativa.
Encerramos com uma roundtable reunindo instituições de diferentes portes — de pequenos bancos a grandes players — sobre como a transição já está entrando em processos de crédito, gestão de risco e relacionamento com clientes corporativos.
O programa inaugura uma nova etapa para o CFH Brasil: construir uma comunidade de analistas de transição climática capazes de transformar dados em decisões e acelerar o redirecionamento de capital rumo a uma economia de baixo carbono.





























