O avanço das finanças climáticas no Brasil foi tema central do evento “Finanças Sustentáveis: impulsionando o futuro do setor produtivo”, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Um dos destaques foi a participação de Joaquim Levy, presidente do conselho do Climate Finance Hub (CFH Brasil), que apresentou um panorama do fluxo global de capital público e privado voltado à ação climática.
Financiamento climático: organização e clareza para a transição
Segundo Levy, a transição climática não necessariamente implica custos muito maiores em comparação ao cenário de “business as usual”, mas depende de organização, sinais claros de preço e decisões firmes. Ele destacou que o papel das finanças é redistribuir riscos e apoiar essa transformação.
A evolução das normas globais de contabilidade e disclosure climático trará mais clareza às empresas, permitindo demonstrar tanto sua exposição a riscos físicos e regulatórios quanto suas estratégias para reduzir vulnerabilidades. Essa transparência fortalece instrumentos como emissões de títulos verdes e dívidas de transição, além de dar mais segurança para investidores alocarem capital de forma eficiente.
Brasil no centro das finanças climáticas globais
Levy ressaltou a importância das iniciativas multilaterais e do fortalecimento do mercado de carbono internacional. Entre os pontos principais de sua fala, destacam-se:
- Tropical Forests Finance Facility (TFFF): fundo internacional voltado à preservação das florestas tropicais e à valorização dos serviços socioambientais;
- Papel estratégico do Brasil: país ocupa posição central em iniciativas globais de sustentabilidade e mercado de carbono;
- Mercado de carbono internacional: potencial para ampliar a competitividade brasileira ao alinhar-se às demandas globais;
- Instrumentos para indústria: taxonomia sustentável, green bonds, incentivos governamentais e mecanismos de carbono
Contribuições do Climate Finance Hub
Durante o evento, também foi apresentada a atuação do Climate Finance Hub Brasil, que vem apoiando empresas e investidores na compreensão do ecossistema de financiamento climático. Um dos destaques é o mapeamento da transição energética no setor elétrico, além da contribuição para debates regulatórios
Ainda em 2025, o Hub lançará novos cadernos setoriais com análises sobre os setores de óleo e gás, ferro e aço, entre outros que estão em avaliação. Esses estudos ampliam a compreensão sobre os desafios e oportunidades da transição climática em diferentes segmentos da economia, fornecendo dados science-based para ajudar a desbloquear financiamento climático para onde é mais necessário.
A maturidade do ecossistema brasileiro
Para Christianne Maroun, coordenadora do CFH Brasil, a participação no evento reforça a maturidade do Brasil no avanço de regulações de financiamento climático. Segundo ela, a indústria demonstra disposição em buscar uma transição climática justa, inclusive em setores considerados hard to abate.
“Promover o debate sobre finanças climáticas é parte da missão do Hub, levando informação para ajudar todos os setores a se adequarem à transição climática justa”, destacou a coordenadora.
A fala de Joaquim Levy e as discussões do evento estão disponíveis no canal da CNI no YouTube.
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